Este ano, a Campanha da Fraternidade e os debates e reflexões propostos terão como ápice a Jornada Mundial da Juventude. O Brasil vai sediar a Jornada no Rio de Janeiro, evento que reunirá milhares de jovens de todo o mundo no mês de julho. É uma oportunidade impar para que a Campanha da Fraternidade possa ser potencializada.
A Jornada poderá deliberar medidas que venham a valorizar o jovem diante dos desafios colocados nesse início de século XXI, desde a crise econômica internacional que diminui radicalmente no mundo as oportunidades para os jovens, principalmente no mercado de trabalho, além da descrença no futuro, as drogas, a criminalidade, mazelas que dizimam vidas e sonhos dos jovens pelo planeta todo.
No Brasil a situação da juventude é um pouco melhor, o desemprego cai entre os jovens. Segundo o IBGE, em 2011, a taxa de desocupação dos jovens de 18 a 24 anos, nas seis principais regiões metropolitanas do país, fechou em 13,4%, muito abaixo dos 23,4% que se registrava 2003.
No primeiro ano do Pronatec (O Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego), foram preenchidas 2,25 milhões de vagas em cursos técnicos e de qualificação profissional em mais de 400 áreas do conhecimento. O Prouni (Programa Universidade para Todos) já distribuiu 1.096.343 bolsas de estudos em 1.300 instituições privadas de ensino superior em 1.372 municípios. Já as oportunidades para a nossa juventude ter acesso ao ensino superior mais que dobraram no Fies (Fundo de Financiamento Estudantil). Até outubro de 2012 foram realizados 349 mil contratos de financiamento, 122% a mais que em 2011.
O crack, droga que tem levado à morte jovens pelo mundo todo, tem sido enfrentado pelo governo Dilma em uma verdadeira guerra. Até agora, 13 estados já formalizaram a parceria para execução das ações do “Programa Crack, É Possível Vencer!”, totalizando R$ 1,9 bilhão já destinado pelo governo a essas unidades. Há 40 CRR (Centro Regional de Referência) em funcionamento no país – mais 12 estão em construção -, oferecendo 10.200 vagas, formando diferentes profissionais e promovendo o fortalecimento das estratégias de articulação da rede de atenção aos usuários de crack e outras drogas. Mas ainda temos muito a fazer no Brasil para que nossos jovens ocupem o verdadeiro protagonismo social em uma sociedade que busca a igualdade de oportunidades.
Na última década, o novo olhar do governo federal para o jovem abriu as portas das universidades federais para alunos oriundos da rede pública, criou dezenas de escolas profissionalizantes e possibilitou à juventude ocupar milhões de vagas no mercado de trabalho. No ano passado, o governo da presidenta Dilma Rousseff criou o Brasil Sem Fronteiras, programa que envia jovens para estudar em universidades em diversos países, com bolsas oferecidas pelo Brasil. Até novembro foram concedidas 20.525 bolsas, sendo 15.031 para graduação e 5.494 para pós-graduação, em 40 países.
É esse novo olhar que devemos fomentar como autoridades. O Estado deve priorizar a juventude, seja o Estado brasileiro, ou em qualquer país do mundo. Não podemos conviver com vidas jovens sendo ceifadas pelo mundo afora; mudam as características dos problemas, mas sempre, em todos os lugares, os jovens sofrem com o descaso, “há tempos são os jovens que adoecem, há tempos o encanto está ausente”, como diria Renato Russo.
Investir no jovem significa respeitar o presente e valorizar o futuro. Uma vez que bem formados, eles serão homens e mulheres sujeitos históricos de suas comunidades, agentes transformadores do seu tempo; capacitados, preparados, crentes no futuro, encantados com ideias e sentimentos, “serão sal da terra e luz do mundo”, Mateus 5: 13 a 14; serão os construtores de uma sociedade justa e fraterna.
O Brasil viveu recentemente uma tragédia em que 239 jovens morreram, mas que em meio a tanta tristeza demonstrou a força e a solidariedade de tantos outros jovens que lá estavam. O Brasil é um país jovem e tem tudo para cumprir seu destino de se tornar uma nação desenvolvida e que abriga sua juventude com carinho e amor, dando a ela condições de contribuir para a construção do seu próprio presente e do nosso futuro. As experiências amargas não é o que desejamos, mas delas devemos tirar lições. O futuro se faz com reflexões sobre os erros do passado e com responsabilidade nas ações do presente, assim o futuro será melhor.
É preciso inserir os jovens nos mais diferentes debates de interesse nacional. A juventude atual tem mais acesso às informações, é “antenada” nos problemas do Brasil, pode opinar, ser sujeito de um significativo processo de transformações que vivemos, tanto na economia, como social, como de valores. A nossa juventude pode participar da construção de um país mais solidário e igualitário, que combata toda e qualquer forma de preconceito e de discriminação; que valorize conteúdo mais que a forma, que respeite as diferenças. A nossa juventude pode ser a interlocutora de um novo modelo de produção de riquezas, que seja sustentável, que respeite a natureza e os trabalhadores.
Cabe ao Estado, seja no Brasil, ou em qualquer outro país, adotar medidas capazes de proteger o jovem do assédio da criminalidade e das mais diversas formas de violência e ao mesmo tempo, garantir a eles acesso as oportunidades, permitir que exista sonho, que exista futuro.
Fonte: Partidos dos trabalhadores. Disponível em <http://www.pt.org.br/noticias/view/artigo_fraternidade_e_juventude_um_desafio_para_o_seculo_xxi_por_edinho_sil>. Acesso 14 de fevereiro de 2013.
Edinho Silva, deputado estadual e presidente do Partido dos Trabalhadores-SP
14/02/2013